Projetos inovadores
desenvolvidos pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para
monitoramento de água em tempo real e realização de análises genéticas de
peixes receberam apoio financeiro não reembolsável do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no montante de R$ 45 milhões.
A tecnologia permite
conferir de forma remota, pelo celular, a qualidade de água de viveiros ou
reservatórios destinados ao cultivo de organismos aquáticos, como peixes e
crustáceos, com capacidade de medição de 12 parâmetros, entre os quais oxigênio
dissolvido, pH (nível de acidez) e temperatura.
O sistema envia também as
informações em tempo real para tablets e computadores e pode ser
aplicado nos biomas Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pampa e
Pantanal. A Sonda Acqua Probe, por exemplo, foi desenvolvida no Brasil pelo
projeto BRS Aqua, da Embrapa, e é apoiada pelo Fundo de Desenvolvimento
Técnico-Científico - BNDES Apoio à Inovação (BNDES Funtec). O projeto conta
também com recursos financeiros da Secretaria de Aquicultura e Pesca do Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e da própria Embrapa. Os focos
principais do estudo são criações em cativeiro de tilápia, tambaqui, camarão
marinho e garoupa.
O BRS Aqua da Embrapa
desenvolveu também outro produto inovador, que é a análise genética Tambaplus,
que dará ao setor produtivo análises de pureza e de parentesco de matrizes de
tambaqui. O BNDES informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que essas
análises não têm concorrente no mercado e indicam, com taxa de acerto de até
99,9%, se tais matrizes são puras ou híbridas, isto é, se resultam de
cruzamento com outra espécie, e se possuem grau de parentesco entre si. “Esse
conjunto de informações permite o planejamento racional de cruzamentos e,
consequentemente, a redução de perdas de produtividade”, explicou o banco, em
nota.
Protagonismo
O BNDES estima que as
iniciativas devem levar o Brasil a assumir seu protagonismo na aquicultura
mundial. O superintendente da Área de Indústria, Serviços e Comércio Exterior
do BNDES, Marcos Rossi, destacou que o Brasil já é líder mundial na maioria das
cadeias de proteína animal, como na produção de aves, suínos e bovinos.
“Contudo, com relação à aquicultura, setor responsável pela proteína mais
consumida no mundo, o Brasil ainda está muito aquém do seu potencial”, disse.
Rossi observou ainda que embora disponha de corpos hídricos e oferta
competitiva de grãos como soja e milho, usados na formulação da ração, o Brasil
carece de mais conhecimento e tecnologias produtivas na aquicultura.
“Acreditamos que o BRS Aqua, uma vez finalizado, vai preencher justamente essa
lacuna que falta para o Brasil assumir seu protagonismo também na aquicultura
mundial".
O projeto visa
a fortalecer a infraestrutura de pesquisa, além de gerar e transferir
tecnologias que promovam o desenvolvimento da aquicultura brasileira com foco
primordial na inovação. A ideia é contribuir para o aumento da produção e da
competitividade, bem como da sustentabilidade da cadeia nacional do pescado. A
coordenação do projeto em rede cabe à Embrapa Pesca e Aquicultura. Mais de 60
parceiros públicos e privados participam também do projeto.
O BRS Aqua se divide em
vários projetos técnicos. São eles reprodução e melhoramento genético; nutrição
e alimentação; sanidade; tecnologia do pescado; e manejo produtivo e gestão
ambiental. Há ainda projetos transversais, que envolvem
economia transferência de tecnologia e gestão.
Impactos
A coordenadora-geral do
BRS Aqua e pesquisadora da Embrapa Pesca e Aquicultura, Lícia Lundstedt,
adiantou que estão previstos mais de uma centena de produtos tecnológicos a
serem disponibilizados ao setor aquícola. Outros produtos já estão disponíveis
e contribuem em diferentes aspectos ao setor aquaviário. Lícia destacou entre
eles o regime aduaneiro especial drawback (suspensão ou eliminação de
tributos incidentes sobre a aquisição de insumos utilizados na produção de bens
a serem exportados) para exportação de tilápia; o Centro de Inteligência e
Mercado da Aquicultura; óculos de realidade virtual; e materiais de referência para
análises químicas de filé e ração de tilápia.
A coordenadora
lembrou que o conjunto de inovações que será desenvolvido pelo BRS Aqua
produzirá impactos diversos na cadeia da aquicultura, com resultados sobre o
aumento da capacidade produtiva do setor, melhoria da qualidade do pescado,
aumento da sustentabilidade ambiental da produção, incremento da gama de novos
produtos aquícolas, apoio a políticas públicas e expansão dos mercados,
inclusive internacional.
Internamente, espera-se
uma aproximação em rede dos pesquisadores da área da aquicultura e modernização
e expansão da infraestrutura de pesquisa nesse campo da Embrapa, fortalecendo a
empresa como instituição de pesquisa competitiva e atrativa para trabalhos com
demais instituições públicas e privadas, ressaltou o BNDES.
Em termos de mercado, o
BRS Aqua tem apoiado a expansão da cadeia aquícola por meio do desenvolvimento
de produtos para novos mercados, com fins alimentares e não alimentares. Entres
eles, os destaques são para patê e salsicha de tilápia, colágeno para uso
farmacêutico, pele de tambaqui para indústria de vestuário, gelatinas,
hidrogéis, nanoemulsões e nanocompósitos, acrescentou Manoel Pedroza, líder das
pesquisas em economia da Embrapa.
Da Agência Brasil
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