Impulsionada pela nova
rodada de pagamentos do auxílio emergencial e pela alta recente nos juros, a
aplicação financeira mais tradicional dos brasileiros registrou o melhor
desempenho do ano. Em junho, os brasileiros depositaram R$ 7,09 bilhões a mais
do que sacaram na caderneta de poupança, informou hoje (6) o Banco Central
(BC).
Apesar do desempenho
positivo, a captação é inferior à registrada em junho do ano passado. Naquele
mês, os brasileiros tinham depositado R$ 20,53 bilhões a mais do que tinham
retirado da poupança.
Com o desempenho de
junho, a poupança acumula retirada líquida de R$ 16,53 bilhões nos seis
primeiros meses do ano. Essa é a maior retirada acumulada para o primeiro
semestre desde 2016, quando os saques tinham superado os depósitos em R$
42,61 bilhões.
O principal responsável
pelo resultado positivo na poupança foi a retomada do pagamento do auxílio
emergencial. A Caixa Econômica Federal depositou o dinheiro em contas poupança
digitais, que acumulam rendimentos. Nesta rodada, o benefício paga parcelas de
R$ 150, R$ 250 e R$ 375 por mês, dependendo da família do beneficiário.
No ano passado, a
poupança tinha captado R$ 166,31 bilhões em recursos, o maior valor anual da
série histórica. Além do depósito do auxílio emergencial nas contas poupança
digitais ao longo de oito meses em 2020, a instabilidade no mercado de títulos
públicos nas fases mais agudas da pandemia de covid-19 atraiu o interesse na
poupança, mesmo com a aplicação rendendo menos que a inflação.
Rendimento
Com rendimento de 70% da
Taxa Selic (juros básicos da economia), a poupança rendeu apenas 1,6% nos 12
meses terminados em junho, segundo o Banco Central. No mesmo período, o Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado prévia da
inflação, atingiu 8,13%. O IPCA cheio de junho será divulgado na
próxima quinta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE).
A perda de rendimento da
poupança está atrelada a dois fatores. O primeiro são os juros baixos.
Atualmente a taxa Selic (juros básicos da economia) está em 4,25% ao ano,
depois de ficar em 2% ao ano, no menor nível da história, entre agosto de 2020
e março de 2021. O segundo fator foi a alta nos preços dos alimentos e do
dólar, que impacta a inflação desde o segundo semestre do ano passado. Mesmo
assim, as recentes elevações na Selic estão voltando a atrair o interesse do
brasileiro na caderneta.
Para este ano, o boletim
Focus, pesquisa com instituições financeiras divulgada pelo Banco Central,
prevê inflação oficial de 6,07% pelo IPCA. Com a atual
fórmula, a poupança renderia pouco menos de 2,975% este ano, caso a Selic
permaneça em 4,25% durante todo o ano. O rendimento pode ser um pouco maior
caso o Banco Central aumente a taxa Selic nas próximas reuniões do Comitê de
Política Monetária.
Nenhum comentário:
Postar um comentário