O Senado aprovou, em
regime de urgência, projeto para penalizar, com multa, a violação do direito à
amamentação. O texto (PLS
514/2015) assegura o direito das mães de amamentar em local público ou
privado sem sofrer qualquer impedimento. A matéria faz parte da pauta
prioritária da bancada feminina na defesa dos direitos das mulheres e segue
agora para a Câmara dos Deputados.
A proposta da
ex-senadora Vanessa Grazziotin, estabelece que, mesmo havendo espaço reservado
para amamentação nos estabelecimentos, cabe somente às mães decidirem se querem
ou não utilizar o local. A pena para quem proibir a amamentação é de multa com
valor não inferior a dois salários mínimos.
A matéria teve voto
favorável da relatora de Plenário, senadora Selma Arruda (PSL-MT), que acatou
emenda de redação aprovada anteriormente na Comissão de Direitos Humanos e
Legislação Participativa (CDH), para incluir a palavra “respeito” na abordagem
às lactantes. Com a recomendação de que os funcionários dos estabelecimentos
recebam orientação dos empregadores.
O projeto original
também foi alterado para que, em vez de crime, se preveja expressamente como
ilícito civil o ato de impedir a lactante. O texto destaca que “considera-se
conduta ilícita, sujeita à reparação de danos, sem prejuízo de outras sanções
cabíveis, qualquer ato que segregue, discrimine, proíba, reprima ou constranja
lactantes ou lactentes, no exercício dos direitos previstos nesta Lei”.
— Na prática é muito
mais vantajoso para a vítima desse preconceito do que a tipificação criminal.
Porque a justiça criminal enxerga o réu e não enxerga a vítima. Dessa forma,
ela vai enxergar a vítima em primeiro lugar, impondo uma multa que vai reverter
em favor dela. Se nós levássemos isso como crime, imporíamos uma sanção ao
criminoso, mas não daríamos reparação suficiente à vítima — avaliou a senadora.
Preconceito
A iniciativa de
penalizar quem constrange as mães lactantes foi elogiada pelos senadores
Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e Fabiano Contarato (Rede-ES). Já o senador Rogério
Carvalho (PT-SE) condenou o preconceito que ainda gera a necessidade da uma legislação
para assegurar esse direito às mulheres.
— Apesar de a gente
estar garantindo o direito de se exercer a maternidade na plenitude, é, por si,
um absurdo ter que se discutir isso nesta Casa. Acho de extrema pertinência a
aprovação da matéria.
Para comprovar que o
preconceito continua presente na sociedade, os senadores Rose de Freitas
(Pode-ES) e Weverton (PDT-MA) relataram exemplos ocorridos com eles. Weverton
disse que, recentemente, sua esposa teve que enfrentar olhares de censura
quando amamentava em locais públicos.
— E eu já vi mulher
sendo retirada do transporte público. Respeitem as mulheres que amamentam seus
filhos — acrescentou Rose.
O PLS 514/2015
tramitava em conjunto com outro projeto da Câmara dos Deputados, que estabelece
para a empregada o direito a dois descansos especiais de meia hora cada um,
durante a jornada de trabalho, para amamentar ou alimentar o seu filho (PLC
21/2018). A matéria foi desapensada e volta para a análise da Comissão de
Assuntos Sociais do Senado (CAS).
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